Capitólio: Santuário por um dia
Ao fim da tarde, numa pastelaria quase deserta, indiferente a tudo o que se passava à minha volta, contemplava um fumegante e odorífero bule de chá. A minha paz interior era apenas apoquentada por um risível dilema: Iria saborear o chá, com ou sem açúcar?Nisto, entra uma cliente. Com cara de espanto, olha para a TV e pergunta à menina que servia às mesas:
- Está a dar de Fátima?
Maquinalmente, virei o meu pescoço na direcção da televisão. Durante alguns segundos, foquei a minha atenção no ecrã.
Pensativo, preparava-me para devolver ao chá toda a reverência que ele me merecia, quando um colega de trabalho irrompe pela pastelaria. Chega junto da minha mesa e estanca, de pé, virado para o televisor. Depois, enquanto puxava a cadeira para se sentar, dispara:
- Já viste isto?! Parece mesmo de Fátima!
- Sim, está a dar de Fátima – murmurei eu com um leve sorriso, enquanto levava a chávena de chá à boca.


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