Coleccionismo: calendários de bolso com mulheres nuas e excertos de programas televisivos deprimentes.

Os Gato Fedorento, nesta rábula, quiseram passar a ideia de que o coleccionismo é coisa de totós. Porém, foi graças ao programa “Coleccionando”, de meados dos anos oitenta, que eles finalmente conseguiram mostrar uma gaja nua no “Isto é uma espécie de magazine”. No entanto, aquilo que à primeira vista parecia ser uma atitude de grande rebeldia e coragem – mostrar gajas nuas no horário nobre da televisão pública - transformou-se num momento extremamente deprimente. Direi até, num momento digno de fazer parte da colecção dos tesourinhos deprimentes da TV portuguesa.
Então não é que, em vez de nos presentearem com uma tipa em carne, osso e silicone, resolveram impingir-nos a imagem, deslavada, de uma rapariga que já deve ter idade para ser nossa avó.
Ora bolas, se era para elevar o conceito de erotismo a uma fasquia tão elevada, podiam ter dito. Tenho uma óptima colecção de pagelas com santinhos que emana muito mais erotismo.
Porém, o programa teve o condão de mostrar a todo o país, que existem pobres de espírito que se dedicam a coleccionar fotografias de mulheres nuas. Só por isso, tenho de agradecer, encarecidamente, aos Gato Fedorento. Graças a eles, vou sair do armário e, de forma corajosa, confessar, perante os cerca de dez leitores deste blog, que durante algum tempo fiz colecção de calendários de mulheres nuas.
O calendário que ilustra este post, e que chegou a aquecer os sonhos de alguns militares do tempo da guerra colonial, foi o primeiro exemplar da minha colecção.
Já agora, uma pregunta para os Gato Fedorento: Essa treta de guardar os tesourinhos deprimentes da TV dentro de um baú, também não é uma espécie de colecção?